Em certo ponto da carreira, muitos de nós alcançamos um nível elevado de conhecimento e, por vezes, isso nos dá a impressão de estarmos “acima” dos outros – especialmente em relação aos mais jovens. É fácil cair na tentação de aplicar velhas fórmulas a novos problemas, mas é justamente aí que mora o perigo.
O fenômeno foi amplamente estudado pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, que identificaram um efeito curioso: indivíduos com baixa competência em uma área específica muitas vezes superestimam seu próprio conhecimento, acreditando-se mais aptos do que especialistas de fato. Sua inaptidão os torna incapazes de reconhecer a própria ignorância, assumindo como verdade inquestionável aquilo que mal conhecem. Um exemplo atual são as muitas opiniões sobre a COVID-19 e as vacinas – pronunciadas com grande convicção, mas sustentadas por pouca ou nenhuma precisão. Esses indivíduos frequentemente manipulam dados aleatórios e imprecisos para dar uma falsa impressão de autoridade.
Isso nos traz de volta à reflexão inicial. O conhecimento adquirido no passado não pode nos levar a crer que dominamos tudo o que precisamos para navegar pelos desafios de hoje. A dinâmica entre pessoas, os movimentos do mercado, as questões culturais e as tendências de consumo, para citar alguns, estão em constante transformação. É o que o sociólogo Zygmunt Bauman chamou de “modernidade líquida”: as relações sociais (entre pessoas, mercados, sociedades etc.) são fluidas e imprevisíveis, exigindo constante adaptação.
O antídoto para essa complacência é o aprendizado contínuo, ou Lifelong Learning. É aqui que a máxima de Sócrates – “Só sei que nada sei” – se torna nossa aliada. Carregue essa frase consigo e use-a como guia para explorar novos saberes e formas de entendimento. Cultivar o autoconhecimento e expandir nossas perspectivas nos ajuda a evitar o erro de ignorar a própria ignorância e, em vez disso, a aplicar conceitos atualizados, sintonizados com as complexidades da realidade atual.